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Glúten: o inimigo silencioso que vive nos alimentos

Estima-se que 1% da população portuguesa apresente intolerância severa ao glúten, mas essa percentagem poderá ser bem maior, já que muitos indivíduos apresentam sintomas compatíveis, mas permanecem por diagnosticar. A doença celíaca causa limitações ao nível do quotidiano e do regime alimentar. Quer saber mais sobre o assunto?

Sou intolerante ao glúten. Será que tenho doença celíaca?

A doença celíaca é uma condição autoimune que afeta o intestino, sendo causada pela sensibilidade permanente ao glúten em pessoas com predisposição genética.

O glúten é uma substância composta por proteínas vegetais que conferem elasticidade, viscosidade e capacidade de absorção de água às farinhas que as contêm. Podemos encontrar o glúten, naturalmente, em alguns cereais, como trigo, cevada e centeio, mas está também presente noutros alimentos, funcionando como um inimigo silencioso.

É importante frisar que existe alguma confusão entre os conceitos de “doença celíaca” e “intolerância ao glúten” (também conhecida como sensibilidade não celíaca ao glúten). No entanto, são duas condições distintas, com uma duração, impacto e gravidade diferentes!

Assim, enquanto a doença celíaca envolve uma reação autoimune que causa danos no revestimento do intestino delgado e na absorção de nutrientes, a intolerância ao glúten é uma condição em que o corpo tem dificuldade em digerir o glúten, mas raramente causa danos no intestino delgado.

Como resultado, as pessoas com doença celíaca precisam de seguir uma dieta rigorosa sem glúten durante toda a vida, enquanto os indivíduos com intolerância podem apenas necessitar de diminuir a quantidade de glúten na sua dieta (sem a eliminar completamente).

Em resumo, a diferença principal entre as duas condições é que a doença celíaca é uma doença autoimune grave que requer tratamento com uma dieta rigorosa sem glúten, enquanto a intolerância ao glúten é uma condição menos grave que pode ser tratada com uma dieta sem glúten, mas com menos restrições.

Enquanto os alimentos que não contêm glúten precisam de cerca de 18 horas para serem digeridos por completo,
os que são ricos em glúten demoram 26 horas, em média!

Quais são os sintomas da doença celíaca?

A doença celíaca pode causar uma ampla gama de sintomas em indivíduos sensíveis ao glúten. Os mais comuns incluem diarreia prolongada, desconforto abdominal, náuseas, vómitos, irritabilidade, falta de apetite, má progressão de peso, atraso no crescimento, obstipação, gases e distensão abdominal. Alguns desses sintomas são partilhados, também, pelas pessoas com intolerância ao glúten.

Se uma pessoa com doença celíaca consumir glúten, poderá sentir, ainda, fadiga extrema e dores de cabeça constantes. Nas mulheres, podem ocorrer irregularidades menstruais.

Se a doença celíaca não for tratada, poderá levar a complicações graves, como osteoporose, anemia, doenças autoimunes adicionais e infertilidade. Pode ainda aumentar o risco de cancro. Em casos mais extremos, uma doença celíaca não tratada pode levar à morte.

A intolerância ao glúten (seja moderada ou severa) provoca grande desconforto abdominal

Em certos casos de doença celíaca muito severa, até o contacto com utensílios que tocaram alimentos com glúten pode afetar o doente!

Quero saber se tenho doença celíaca. Como é feito o diagnóstico?

Os sintomas da doença celíaca podem ser semelhantes aos de outras condições gastrointestinais, o que leva a que, por vezes, seja difícil diagnosticar o problema. Mais quanto mais cedo se procurar orientação médica, mais rápida será o diagnóstico e, portanto, mais cedo se poderão efetuar mudanças ao nível da alimentação.

A doença celíaca é diagnosticada, exclusivamente, por meio de exames de sangue e biópsia do intestino delgado, embora a sintomatologia do paciente (distensão abdominal, cansaço, gases) possa ser já um indicador.

Para a realização da biópsia, o médico especialista solicita uma endoscopia digestiva– exame que permite observar o estado da mucosa do intestino e a situação de inflamação do órgão.

endoscopia digestiva para diagnóstico da doença celíaca
A observação das imagens captadas no interior do intestino permite um diagnóstico mais preciso da doença celíaca

Mas então… quais são os alimentos com glúten?

Como já referimos, o glúten está presente, naturalmente, em alguns cereais, como o trigo, a cevada, o centeio, o malte, a espelta (trigo-vermelho) e a sêmola. Assim, qualquer alimento que seja confecionado a partir desses cereais, acaba por conter glúten também. Pães, bolos, salgados, biscoitos, massas e pizzas costumam ter glúten na sua constituição.

Para além desses, outros alimentos processados industrialmente e que consumimos diariamente contêm glúten (ou vestígios de glúten). Conheça alguns exemplos na galeria abaixo:

Molho Shoyo, sopas instantâneas, batatas pré-fritas, maionese, ketchup, mostarda, queijos fundidos, massas, bebidas com cevada ou malte e bebidas achocolatadas podem conter glúten

Ouvi falar de contaminação cruzada. Podem explicar-me o que isso é?

É simples! Há alimentos que, embora não tenham glúten na sua composição normal, estão sujeitos a uma eventual contaminação pela proteína. Isto acontece muitas vezes nas fábricas onde são produzidos mais do que um tipo de produtos alimentares, ao mesmo tempo. Por isso, esses alimentos devem ser evitados por pacientes celíacos, já que podem acentuar o problema.

Tendo isto em conta, o ideal será conferir sempre o rótulo dos alimentos! Expressões como “contém vestígios de glúten” significam que pode ter havido contaminação cruzada. Consequentemente, esse alimento poderá ser consumido por pessoas com ligeira intolerância ao glúten, mas nunca por pessoas com doença celíaca.

Embora a aveia seja naturalmente livre de glúten, é necessário cuidado ao consumi-la. Isto porque a aveia é frequentemente cultivada em terrenos que também contêm trigo, cevada e centeio, que contêm glúten. Essa contaminação cruzada pode ocorrer durante a colheita e o armazenamento desses cereais, o que pode levar à intolerância ao glúten em pessoas com doença celíaca. Portanto, é importante verificar sempre os rótulos das embalagens para garantir que a farinha de aveia que vai comprar, não contém glúten.

O que deve comer um celíaco?

Seguir uma dieta sem glúten não só ajuda a minimizar os sintomas da doença celíaca, mas também pode trazer uma série de benefícios para aqueles que foram diagnosticados com a condição. Há vários alimentos que podem ser consumidos em segurança. Aqui ficam alguns deles:

Frutas e legumes são sempre uma boa opção, pois para além de estarem isentos de glúten são alimentos muito ricos do ponto de vista nutricional. O mesmo se passa com as leguminosas e as oleaginosas. Os laticínios e a proteína animal (carne, peixe e ovos) também não têm glúten.
Há, ainda, a destacar o azeite e os óleos vegetais, assim como as especiarias, a água e o chá. Também os sumos de fruta natural, ao contrário dos refrigerantes industriais, estão isentos de glúten.
Por último, existe uma vasta gama de farinhas sem glúten no mercado (confira aqui as farinhas que poderá consumir) a partir das quais poderá ser confecionado o delicioso pão que faz parte do quotidiano de tantas pessoas!

Se eu seguir uma dieta sem glúten, fico curado da doença?

Não existe, atualmente, cura para a doença celíaca. Contudo, os seus sintomas podem ser drasticamente diminuídos com a adoção de um regime alimentar sem glúten.

Uma dieta isenta de glúten ajuda a cicatrizar os danos causados no intestino e melhora, consequentemente, a absorção de nutrientes. Assim que a absorção de nutrientes é restabelecida, problemas como anemia, osteoporose e até mesmo depressão (causada, muitas vezes, por défice de vitamina B6) podem ser solucionados.

Convém lembrar que o glúten não é, de todo, uma proteína indispensável para o corpo humano. Por isso, poderá ser substituído por opções mais saudáveis. A doença celíaca, embora acarrete algumas limitações, não é, nem nunca será uma sentença de infelicidade permanente e é possível ser saudável e feliz, mesmo sendo portador da mesma!

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