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O Chá das 5: uma tradição afinal portuguesa

Chá! Uma bebida saudável e versátil que faz parte da cultura gastronómica de vários países do mundo! Verde ou preto, em estado puro ou misturado com outros aromas para formar deliciosas infusões! A verdade é que esta bebida tornou-se uma presença comum nos nossos dias. 

O Five O´clock Tea – costume tão enraizado no Reino Unido – é uma marca da identidade desse país, mas o que muitos não sabem é que o hábito de beber chá, ao entardecer, foi levado até terras de sua majestade pela mão dos portugueses.

A história desta icónica bebida

A história remonta ao período da expansão marítima portuguesa, nos séculos XV e XVI – época de grandes conquistas e descobertas -, mas também de um forte intercâmbio de tradições, culturas, ingredientes e sabores. 

O chá, já utilizado na China há vários séculos, foi descoberto pelos portugueses assim que estes lançaram âncoras naquele país. 

Assim como outros ingredientes orientais, este produto foi levado por vigorosas caravelas para o nosso país e, depois, introduzido na Europa pelos portugueses, mais concretamente, por Catarina de Bragança. 

Chá

D. Catarina de Bragança

D. Catarina de Bragança nasceu em Portugal, em Vila Viçosa, a 25 de novembro de 1638. Era filha do Rei D. João IV e da sua esposa D. Luísa de Gusmão e veio a casar, em 1662, com o rei inglês Carlos II, tornando-se assim rainha de Inglaterra, Escócia e Irlanda. Portugal ofereceu a Inglaterra, como dote deste casamento, os territórios de Bombaim, Tânger e Colombo, honrando assim o Tratado de Paz e Aliança estabelecido um ano antes.  

Quando a rainha Catarina de Bragança chegou a Inglaterra, o chá era apenas consumido como um medicamento. No entanto, a rainha continuou com o seu hábito diário de beber chá, tornando-o bastante popular como uma bebida social, um verdadeiro ritual que ocorria às 5 horas da tarde e era composto por bules, chávenas, leiteiras, açucareiros e ainda doçaria, como pães e bolos.

Como a Inglaterra ainda não tinha estabelecido, na altura, comércio direto com a China e as pequenas quantidades de chá que os holandeses importavam eram vendidas a um preço muito alto, beber chá tornou-se sinónimo de um elevado status a nível social. A bebida passou a estar associada à elite, sendo alvo de grande procura, pois todos queriam imitar a rainha. No final do século XVII, já toda a gente na aristocracia bebia chá.

Posteriormente, o consumo de chá acabou por tornar-se igualitário, ficando acessível a outros elementos da sociedade que não apenas de elite.

D. Catarina de Bragança teve, assim, um papel importante na gastronomia inglesa, mas não só. Para além do chá, levou para Inglaterra a primeira ópera italiana, introduziu os pratos de porcelana na corte e mostrou como se podiam usar os talheres à mesa. Também foi quem vulgarizou o uso dos leques e levou uma orquestra de instrumentistas portugueses para animar os saraus.

A origem da palavra TEA

Mas não foi apenas a introdução do chá em Inglaterra que se deve aos portugueses. A própria origem da palavra inglesa “Tea” (chá) tem uma relação direta com o nosso país. Muitos desconhecem que as caixas de chá, encomendadas pela rainha, eram marcadas no seu exterior com a sigla T.E.A. que significava “Transporte de Ervas Aromáticas”. Assim, nasceu a palavra inglesa “tea” que significa… chá! 


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